quinta-feira, 14 de junho de 2012

Amar a família ou comprar uma família?


         Desde pequenos um hábito se instala em nós: resolver problemas comprando coisas. Você já percebeu como essa situação é bastante comum?

        Começa quando as crianças vêem anúncios na TV e pressionam os pais para que lhes comprem brinquedos e doces.

        Por sua vez, pais e mães também são levados a acreditar que seus filhos serão mais felizes se tiverem mais e mais coisas materiais.

        É o consumismo se instalando. Em vez de enfrentarem essa crise educando a criança, em geral os pais a satisfazem.

        É uma atitude que reforça a crença de que se pode ter tudo e que as coisas materiais são a razão da felicidade.

        Muitos pais, inclusive, tentam compensar as longas horas ausentes de casa fazendo compras exageradas.

        Enchem os filhos de objetos e, rapidamente, as crianças aprendem a negociar. Tornam-se cada vez mais exigentes e consumistas.

        Na adolescência, as compras continuam: aparelhos eletrônicos substituem os brinquedos. São celulares, computadores e jogos eletrônicos de imediato substituídos, quando surgem novos modelos.

        As mesadas se tornam maiores e logo os filhos desaparecem de casa, em companhia de amigos. Vivem em noitadas intermináveis, com fácil acesso ao álcool, fumo e drogadição.

        O passo seguinte é comprar-lhes um carro, um apartamento...

        E cabe então a pergunta: Nessas quase duas décadas em que vivem com os pais, que aprenderam? Que exemplos receberam?

        Será que conhecem verdadeiramente seus pais? Estão preparados para amar ou para comprar?

        E o que dizer dos pais? Será que realmente conhecem seus filhos? Sabem de seus sonhos e aspirações? Já ouviram suas frustrações e problemas?

        Chega-se então ao mundo adulto. E as situações infelizes continuam a ser resolvidas à base de compras.

        Roupas e sapatos, carros, vinhos, jóias. A ostentação esconde a infelicidade.

        Falsa é essa felicidade baseada em ter coisas. Ela estimula o materialismo e destrói o que temos de mais belo: a convivência familiar, a construção de lembranças preciosas.

        Amar a família inclui sustentá-la em suas necessidades, prover o estudo dos filhos, garantir alimentação e lazer.

        Mas, muito diferente é substituir a presença do amor pelo presente – por mais ricamente embalado que seja.

        Um filho é uma dádiva Divina. Uma responsabilidade que inclui não apenas dar-lhe coisas materiais, mas dar-lhe suporte emocional, psicológico.

        É preciso falar com os filhos, conhecê-los, sondar o que pensam, reflectir sobre o que fazem.

        O mesmo vale para o casal: depois de alguns anos de convivência, as conversas, antes tão íntimas, costumam ser substituídas por presentes, como flores e jóias.

        Aos poucos se esvai a cumplicidade, a parceria e até a atração.

        E os pais? Envelhecem sozinhos, cercados de enfermeiras ou de pessoas pagas para tomar conta deles. Velhos pais, isolados, com suas manias e conversas que ninguém quer ouvir.

        Quão felizes seriam com visitas e conversas mais longas.

        Por tudo isso, reflicta hoje: Estou amando ou comprando minha família?


Redação do Momento Espírita.
Em 20.02.2008. 

 
"fora da caridade não há salvação"