Agradeço, senhor
Quando me dizes "não"
Às súplicas indébitas que faço,
Através de oração .
Muitas daquelas dádivas que peço
Estima, concessão, posse, prazer,
Em meu caso talvez fossem espinhos
Na senda que me deste a percorrer.
De outras vezes, imploro-te favores,
Entre lamentação, choro, barulho.
Mero capricho, simples algazarra
Que me escapam do orgulho...
Existem privilégios que desejo.
Reclamando-te o "sim"
Que, se me florescessem na existência,
Seriam desvantagens contra mim.
Em muitas circunstâncias, rogo afeto,
Sem achar companhia em qualquer parte,
Quando me dás a solidão por guia
Que me inspire a buscar-te.
Ensina-me que estou no lugar certo,
Que a ninguém me ligaste de improviso,
E que desfruto agora o melhor tempo
De melhorar-me em tudo o que preciso.
Não me escutes as exigências loucas,
Faze-me perceber
Que alcançarei além do necessário,
Se cumprir com meu dever.
Agradeço, meu Deus,
Quando me dizes "não"com teu amor
E sempre que te rogue o que não deva,
Não me atendas, senhor!...
Maria Dolores
do Livro Poetas Redivivos
Francisco C.Xavier
pgs 122 e 123